quarta-feira, 8 de julho de 2020

O Calendário Judaico

O Calendário Judaico (Luach em hebraico)

Os judeus usam seu calendário para contarem o tempo e estabelecerem as datas de comemoração dos seus aniversários e de suas festividades: casamentos, celebrações religiosas e outras solenidades importantes.

Os judeus contam os anos a partir da data da criação descrita em Gênesis 1 e 2. Pois, eles desenvolveram um calendário lunissolar, estabelecendo suas festas anuais a partir do ciclo lunar. Assim, o ano novo tem início com a lua nova do equinócio que se tornou o primeiro dia do mês de Nissan (março/abril) e o primeiro dia do ano (cf. Êx 12.1-2).

Origem

Segundo os Hebreus, seu calendário existe há mais de 3300 anos. Ele teve início no período em que o povo se encontrava em escravidão no Egito. Conforme suas tradições, Deus mostrou, no mês de Nissan (março/abril) uma lua nova a Moisés duas semanas antes do êxodo israelita do Egito. Isso teria ocorrido no ano 2448 a. C., ou seja, despois da criação do mundo.
Vale observar que os judeus atuais utilizam outro calendário, o civil. Cujo ano inicia na lua nova do equinócio de outono no mês de TISHREI (outubro/setembro).


O Ano Judaico

Retirado de: https://www.analisesp.com.br/wp-content/uploads/2015/10/Calendario-Judaico.jpg

O ano judaico possuía 12 meses com alternância de dias: 29 ou 30. Assim, o ano judaico tinha 354 dias, 11 dias a menos que o nosso ano. Para compensarem essa discrepância, os judeus acrescentavam um mês (Adar II) a cada triênio em um ciclo de 19 anos. Portanto, o 13º mês era acrescentado no 3º, 6º, 8ª, 11ª, 14º, 17º, 19º anos. Assim, nesses anos o Calendário judaico possuía 13 meses.
O ano judaico é composto pelos seguintes meses: Nissan, Iyar, Sivan, Tamuz, Av, Elul, Tishrei, Cheshvan, Kislev, Tevet,Shvat e Adar I (e Ada II, ocasionalmente).

Datas Importantes no Calendário Judaico



  • Shabat - início:18 minutos antes do pôr do sol de cada sexta-feira.
  • Tu Bishvat – dia 15 de Shvat (janeiro/fevereiro).
  • Chanucá – de 25 de Kislev a 03 de Tevet (desembro/janeiro).
  • Purim – dia 14 de Adar (Fevereiro/março).
  • Pessach – de 15 a 22 de Nissan (março/abril).
  • Iom Hazicaron – dia 04 de Iyar (abril/maio).
  • Iom Haatzmaut – dia 05 de Iyar.
  • Lag BaÔmer – dia 18 de Iyar.
  • Iom Ierushalaim – dia 28 de Iyar.
  • Savuot – dias 06 e 07 de Sivan (maio/junho).
  • Tishá Be’Av – dia 09 de Av (julho/agosto).
  • Tu Be’av – dia 15 de Av.
  • Kristallnacht – dia 09 de novembro.
  • Rosho Hashaná – dias 01 e 02 de Tishrei (outrubro/setembro).
  • Iom Kipur – dia 10 de Tishrei.
  • Sucot – dias 15 a 22 de Tishei.
  • Simchat Torá – dia 23 de Tishrei.


Dias da Semana no Calendário Judaico.

Veja abaixo, um Mapa Mental contendo os dias da semana no calendário judaico com seus respectivos inícios e términos.



Referências


Festas Judaicas e suas Tradições da Na’amat Pioneiras do Brasil, 2012

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

APEGANDO-SE AS VERDADES DO EVANGELHO

Mensagem em Hebreus 2.1-4.

Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade.


TEMA: APEGANDO-SE AS VERDADES DO EVANGELHO

INTRODUÇÃO

A palavra “APERGAR-SE” biblicamente tem três significados:

I. Ligar-se com alguém por laços de apreciação e afeição {Rt 1.14}.
II. Dedicar-se {Rm 12.9}.
III. Agarrar-se {Jó 27.6}.

“Por esta razão” (v.1a). Ou melhor, dizendo, por estas razões é melhor que nos liguemos dedicadamente a Cristo, agarrando-se em suas verdades.
As razões das quais o autor esta falando referem-se ao que ele havia acabado de afirmar a respeito de Cristo e dos anjos. São elas:

I. Deus falou aos antepassados por meio dos profetas (Hb 1.1)
a. Muitas vezes (1.1a)
b. E de muitas maneiras (1.1b)

II. Hoje, Deus nos fala através de Seu filho (1.2a)
a. A quem Ele constituiu herdeiro de todas as coisas (1.2b)
b. Por meio de quem fez o universo (1.2c; 2.10)

III. Pois, o Filho de Deus é...
i. O resplendor da glória de Deus (1.3a)
ii. A expressão exata do Ser de Deus (1.3b)

IV. Porque o Filho de Deus...
a. Sustenta todas as coisas através de Sua palavra poderosa (1.3c)
b. Realiza a purificação dos nossos pecados (1.3d)
c. Assenta-se à direita da Majestade celestial (1.3e)
d. Tornou-se superior aos anjos (1.4a)
e. Herdou um nome mais excelente que os anjos (1.4b)

V. Foi a Cristo a quem Deus...
a. Chamou de Filho (1.5b)
b. Declarou que era Seu Pai (1.5b)
c. Ordenou que os anjos O adorassem (1.6)

VI. Ao Filho pertencem:
a. O Trono eterno (1.8a)
b. O cetro da equidade (1.8b)
c. O amor à justiça (1.9a)
d. Ódio pela iniquidade (1.9b)

VII. O Filho agora está:
a. Sentado à direita do Pai (1.13a)
b. Aguardando a derrota dos Seus inimigos (1.13b)

VIII. Os anjos são...
a. Espíritos ministradores (1.14a)
b. Enviados para servir os herdeiros da salvação (1.14b)

IX. Os anjos...
a. Foram criados pelo Filho de Deus (1.10, 2c)
b. Por isso, adoram o Filho de Deus (1.6)
c. Servem aos propósitos do Filho do Filho de Deus (1.7)

X. Metaforicamente, os anjos podem...
a. Perecer (1.11a)
b. Envelhecer (1.11c)
c. Serem trocados (1.12)

Desta maneira, “Importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas...” (v.1b).
O autor deixa claro que é de fundamental importância valorizar as verdades que, tanto ele, quanto os leitores haviam ouvido. A advertência continua com uma recomendação: “para que jamais nos desviemos”. Pois, se a palavra que fora antes anunciado por meio dos anjos, como eles acreditavam, se tornou firme, isto é, verdadeira, sendo punidos com a morte todos aqueles que a transgredissem ou desobedecessem. Como eles poderiam escapar da ira vindoura se negligenciassem “tão grande salvação?” (v.3). Salvação esta que foi “anunciada inicialmente pelo Senhor” e que depois foi confirmada pelos apóstolos e seguidores de Cristo. Que deu o Seu testemunho através dos sinais, dos prodígios e dos vários milagres que eles realizaram e, como se isso não bastasse, distribuiu vários dons entre os irmãos de acordo com a Sua vontade para edificação do Seu povo.
Desta maneira, o autor conseguiu exortar os irmãos a permanecerem firmes na fé evangélica. Ele tratou de trazer a memória tudo o que eles haviam visto e ouvido iniciado através do Senhor Jesus.

Quais foram as verdades que eles ouviram?

I. Que todo aquele que invocasse o nome do Senhor seria salvo (At 2.21; Jo 3.16-18)
A. Porque Deus havia cumprido a Sua promessa feita por intermédio do profeta Joel (At 2.17-21; Jl 2.28-32; At 2.1-13)
B. Porque Deus realizou através de Jesus:
a. Milagres (At 2.22a): Fatos ou acontecimentos fora do comum, que Deus realiza para confirmar o seu poder, o seu amor e a sua mensagem. No AT estão registrados 67 milagres e no NT estão registrados 36 milagres realizados por Jesus e 20 milagres realizados pelos apóstolos.
b. Prodígios (At 2.22b): Algo realizado por Deus que é considerado pelos homens uma maravilha (veja Êx 3.3; Mt 21.15; Mc 6.2)
c. E Sinais (At 2.22b): Milagres que mostram o poder de Deus
C. Porque Deus o ressuscitou dos mortos (At 2.23, 24)
D. E fez dEle, Senhor e Cristo (At 2.36)

Qual o propósito de relembrar essas verdades?

I. Para que eles não se desviassem delas (Hb 2.1)
a. Porque a transgressão traria sobre si o justo castigo (Hb 2.2; Rm 6.23a)
b. Não haveria escapatória para quem se desviasse (Hb 2.3; Mt 11.2-24; Mt 23.13-36; Mt 25.31-33, 40-41)

Qual a recompensa para os que creram nessas verdades?

I. Saber que elas foram, anteriormente, anunciadas pelos profetas (Hb 1.1 Mt 3.1-3)
II. Saber que elas foram, posteriormente, anunciadas por Jesus (Hb 1.2a; Mc 1.14, 15)
III. Saber que elas foram confirmadas pelos que a ouviram (Hb 2.3b)
IV. Saber que o próprio Deus deu testemunho dessas verdades através de:
a. Sinais: Milagres que mostram o poder de Deus
b. Prodígios: Algo realizado por Deus que é considerado pelos homens uma maravilha
c. Vários milagres: Fatos ou acontecimentos fora do comum, que Deus realiza para confirmar o seu poder, o seu amor e a sua mensagem. (Cf Mc 16.15-18)
d. E por distribuição do Espírito Santo (Hb 2.4; I Co 12.1-11)

Por que devemos crer no evangelho?

I. Porque ele é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16;Mc 1614-15)
II. Porque é através dele que a justiça de Deus se revela (Rm 1.17a)
III. Porque a vida eterna vem através da fé no evangelho do Senhor (Rm 1.17b; Rm 10.17)


Conclusão

Tudo isto aconteceu segundo a vontade de Deus, “para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (Ef 2.7). Portanto, não negligenciemos também estas verdades, que a nós nos tem sido anunciadas através da pregação da Palavra de Deus.

A supremacia de Cristo: Cristo é Superior aos anjos Hb 1.1-14

Alvo desta Mensagem

I. Levá-los a entender que Jesus é superior aos anjos e que eles são mensageiros de Deus;
II. Fazê-los reconhecer que Jesus é o perfeito Filho de Deus e único Mediador entre Deus e os homens;
III. Conscientiza-los para adorar e orar somente a Deus e a Cristo, jamais aos anjos.

Introdução

No v. 4 o apóstolo falou da superioridade do Filho de Deus sobre os anjos, a qual distingue a Jesus Cristo. Ele alicerça essa afirmação sobre o testemunho dos escritos do AT. Aqui ele já vê prefigurado aquilo que ele, como emissário do evangelho, tem de anunciar. No presente bloco ele arrola uma série de textos do AT em três rodadas de argumentação, a fim de sedimentar sua afirmação teológica sobre o Filho de Deus. (LAUBACH 2000 P. 21)

Por que Cristo é superior aos anjos?

1. Porque antes, Deus falava através dos profetas (Hb 1.1)
“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas...”

2. Hoje, Deus fala através do Seu Filho (Hb 1.2)
“...nestes últimos dias, nos falou pelo Filho...”

Quem é o Filho de Deus? (Hb 1.2-3)

1. Ele é o herdeiro de todas as coisas v.2
2. Ele é criador do universo v.2
3. Ele é o resplendor da glória de Deus v.3
4. Ele é a expressão exata do ser de Deus v.3
5. Ele sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder v.3
6. Ele faz a purificação dos pecados v.3
7. Ele está assentado à direita da Majestade nas alturas v.3

Por estes motivos, “Ele se tornou tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles” v.4

Por que Cristo é superior aos anjos?

A. Porque Ele é o Primogênito
No AT o Primogênito tinha a supremacia entre seus irmãos. Ele era o filho amado, a ele competia a dupla parte da herança (Dt 21.17). Ele governava na família, os irmãos mais novos eram sujeitos a ele.
Aplicação: Também Jesus Cristo, como o Primogênito (Lc 2.7), é o Filho amado (Mc 1.11). É assim que o próprio Senhor afirma na parábola da vinha: “Restava-lhe ainda um, seu filho amado; a este lhes enviou, por fim” (Mc 12.6). Cristo é aquele que é amado incomparavelmente por Deus, ao qual foi entregue o governo do mundo. Por isso ele não é apenas o “Rei de Israel” (Jo 1.49), mas a ele estarão sujeitos todos os reis e governantes da terra (Ap 19.16).
Ao lado desse Primogênito, o Filho de Deus, o Pai coloca a “igreja dos primogênitos” (Hb 12.23), pessoas que receberam o “espírito de adoção” (Rm 8.15), uma multidão de irmãos que no seu ser foram feitos iguais, entre os quais Cristo é o Primogênito (Rm 8.29). O Primogênito é o amado e eleito, que foi chamado à soberania. Da mesma forma, a igreja dos primogênitos, a igreja de Jesus, é uma multidão de amados e eleitos, que será participante da soberania do Filho (Ap 20.6; 22.5). O Primogênito detém o ministério celestial de Rei e Sacerdote. De forma análoga também os membros da igreja dos primogênitos foram feitos por Deus reis e sacerdotes (Ap 1.5,6; 5.10). A unidade do Primogênito com a igreja dos primogênitos expressa-se de modo perfeito no fato de que a unidade de reinado e sacerdócio, profetizada no AT (Zc 6.13) é cumprida em Cristo e alcança o encerramento na comunidade aperfeiçoada e glorificada (cf. também a conexão de Sl 110.1,4).

B. Porque os anjos são entes que O adoram.

Os anjos glorificam diretamente a Deus
Os Anjos glorificam a Deus assim como os seres humanos:
I. Eles glorificam a Deus pelo que ele é em si e, pela Sua Excelência (Sl 103. 20; Cf 148. 2)
II. Os serafins continuamente louvam a Deus pela Sua santidade (Is 6.2-3)
III. Eles também glorificam a Deus pelo Seu grandioso plano de Salvação (Lc 2.14)
IV. Eles se alegram quando um pecador se arrepende (Lc 15. 10)
V. Eles contemplam a Jesus (1 Tm 3.16)


C. Os anjos são seres inferiores ou seres criados v.7
Quando os anjos foram criados?

Gn 2.1 “Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército”.

1. DIFERENTEMENTE DE DEUS, OS ANJOS SÃO SERES CRIADOS .
Às vezes tem sido negada a criação dos anjos, mas ela é ensinada com clareza nas Escrituras.
Sl 33.6: “Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles.”
Ne 9.6: “Só tu és SENHOR, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus te adora.”
Sl 148. 2, 5: “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas legiões celestes. [...] Louvem o nome do SENHOR, pois mandou ele, e foram criados. “
Cl 1: 16: “pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.”

Portanto, os anjos foram criados provavelmente entre o primeiro e o sexto dia da criação, pois, “em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou.” (Êx 20.11)(GEISLER 2010)

2) Os anjos são servos, tal como os ventos e o fogo.

Os anjos executam alguns dos desígnios de Deus
As Escrituras retratam os anjos como servos de Deus que executam alguns dos seus desígnios na terra.

I. Eles levam as mensagens de Deus às pessoas (Lc 1. 11-19; At 8. 26; 10. 3-8, 22; 27. 23, 24)
II. Eles executam alguns dos juízos de Deus:
a. Eles semearam uma peste em Israel (2 Sm 24.16-17)
b. Eles castigaram os líderes do exército assírio (2 Cr 32.21)
c. Eles feriram de morte o rei Herodes por não ter ele rendido glória a Deus (At 12.23)
d. Eles patrulham a terra como representantes de Deus (Zc 1.10-11)
e. Eles guerreiam contra as forças demoníacas (Dn 10.13; Ap 12. 7-8)
f. Eles derramarão as taças da ira de Deus sobre a terra (Ap 16.1)
III. Quando Cristo voltar, os anjos o ladearão como um grande exército acompanhando seu Rei e Senhor (Mt 16.27; Lc 9.26; 2 Ts 1.7)
IV. Um anjo irá segurar o dragão e o prenderá por mil anos (Ap 20. 1-3)
V. Um arcanjo irá proclamar a vinda de Cristo (1 Ts 4.16. Cf Ap 18. 1-2, 21; 19. 17-18) (GEISLER 2010)


CONCLUSÃO

Por que o autor de Hebreus necessitou demostrar que Jesus era maior que os anjos?
O fato de que cria importante fazer isto, mostra o lugar que a crença nos anjos ocupava no pensamento judeu da época, crença que na época aumentava. Isso se devia à impressão que causava nos homens o que se chama a transcendência divina. Cada vez se sentia com mais intensidade a distância e a diferença entre Deus e os homens. Sentiam que Deus se afastava cada vez mais, fazendo-se cada vez mais incognoscível e inacessível. O resultado era que tinham chegado a pensar nos anjos como intermediários entre Deus e o homem. Tinham começado a sentir que Deus estava tão afastado que não podia falar diretamente com o homem e vice-versa; e assim tinham começado a pensar nos anjos como pontes entre Deus e os homens... (Barclay P. 20)

A crença dos judeus em relação aos anjos:

I. Eles acreditavam que Deus falava aos homens por intermédio dos anjos. E que estes por sua vez levavam as orações dos homens a Deus.
II. Na época do Novo Testamento os judeus criam que Deus tinha entregue a Lei aos anjos e estes por sua vez a Moisés, porque já não era admissível uma comunicação direta entre Deus e os homens (Atos 7:53; Gálatas 3:19).
III. Havia milhões e milhões de anjos.
A. Anjos da presença (os arcanjos) eram sete e tinham nomes.
Entre os mais importantes menciona-se Rafael, Uriel, Fanuel, Gabriel (aquele que transmitia as mensagens de Deus aos homens) e Miguel (que regia os destinos de Israel).
IV. A função dos anjos era variada:
A. Trazer mensagens divinas aos homens para entregá-las e desaparecer imediatamente (Juízes 13:26)
B. Intervir em nome de Deus nos acontecimentos da história (2 Reis 19:35-36).
V. Duzentos anjos controlavam o movimento das estrelas e as mantinham em seus cursos.
VI. Um anjo controlava a interminável sucessão dos anos, dos meses e dos dias.
VII. Um anjo poderoso que controlava o mar.
VIII. Havia anjos da geada, do orvalho, da chuva, da neve, do granizo, do trovão e do raio.
IX. Havia anjos guardiães do inferno e torturantes dos condenados.
X. Os anjos escribas registravam num livro cada palavra proferida pelo mortal.
XI. Havia os anjos destruidores e punidores.
XII. Satanás era o anjo fiscal que durante 364 dias — à exceção do dia da expiação ou do perdão — contínua e assiduamente apresentava perante Deus acusações contra os homens.
XIII. O anjo da morte cumpria só por ordem de Deus um dever inexorável para com justos e pecadores.
XIV. Cada nação tinha à sua frente um anjo guardião que possuía a prostasia, quer dizer, o lugar de preeminência.
XV. Cada pessoa tinha seu anjo guardião, até os meninos (Mateus 18:10).

Com uma angelologia tão desenvolvida existia sim, o perigo real de que, na crença popular, se fizesse necessário haver anjos mediadores entre Deus e os homens. Portanto, nestas circunstâncias era necessário demonstrar que o Filho era muito superior a eles e que quem conhecia o Filho não necessitava de nenhum anjo mediador. (BARCLAY)

A Supremacia de Cristo.

Alvo desta Mensagem

Fornecer: Um pano de fundo da carta aos Hebreus e sua mensagem principal, identificando como Deus falou e tem falado;
Demonstrar: que Jesus é a essência da revelação cristã e fazer com que percebamos, que hoje, Deus nos fala através da pessoa de Cristo, da Palavra e da igreja;
Levar você: A aceitar a superioridade inquestionável de Jesus e adorá-Lo por quem Ele é e pela obra que realizou e ainda realiza em nós.

Introdução

Esta primeira mensagem nos abre a cortina, ou seja, ela nos apresenta o cenário e o contexto histórico da carta aos Hebreus, ela também responde cinco perguntas básicas sobre a carta. E revela por que Jesus Cristo é superior a tudo e a todos, incluindo homens e anjos.

Contexto Histórico:

“O cristianismo era praticado por judeus. Jesus era judeu, Seus discípulos eram judeus, e judeus eram os primeiros convertidos. Suas primeiras reuniões realizaram-se em sinagogas, e suas primeiras controvérsias referiam-se a leis judaicas. Os primeiros críticos consideravam o cristianismo uma seita. Todavia, para os primeiros cristãos crer em Cristo levantava muitas questões. E quanto ao templo e ao sacrifício de animais? E quanto a Moisés? Os cristãos deveriam negar tudo aquilo em que haviam crescido e acreditado? Era suficiente confiar apenas em Cristo?
O Antigo Testamento não respondia a essas perguntas. Portanto, os que viviam na época que o livro foi escrito precisavam de respostas imediatas. Pois, a tolerância logo daria lugar a tortura e execuções. [...] Crer em Cristo se tornaria uma questão de vida ou morte, e para os judeus cristãos seria irresistível a tentação de voltar à sua antiga vida, a não ser que pudessem ter a certeza de que haviam feito a escolha certa.” (RADMACHER; ALLEN E HOUSE 2010, P 635)

O duplo contexto cultural da carta aos Hebreus

I. O contexto cultural grego

O autor de Hebreus tinha em mente um duplo pano de fundo, e desses dois panos de fundo procediam suas idéias. Um pano de fundo de pensamento grego. Desde o tempo de Platão os gregos viviam obcecados pelo contraste entre o real e o irreal, o visível e o invisível, o temporal e o eterno. A idéia grega era que em alguma parte existe um mundo real do qual este mundo é só uma cópia imperfeita, pobre e velada. Platão pensava que em alguma parte existia um mundo de formas, idéias ou modelos perfeitos, dos quais cada coisa deste mundo é só uma cópia imperfeita. Para mencionar um simples exemplo, em alguma parte se conserva o modelo, a idéia ou a forma de uma cadeira perfeita da qual todas as cadeiras deste mundo são cópias inadequadas.
Dizia Platão: "O Criador do mundo desenhou e levou a cabo sua obra de acordo com um modelo imutável e eterno do qual o mundo é apenas uma cópia." Filo, que extraiu suas idéias de Platão expressava: "Deus sabia a princípio que nunca se poderia obter uma copia bonita, a não ser a partir de um belo modelo; que nenhum dos objetos perceptíveis pelos sentidos podia ser sem mancha se não estava modelado de acordo com um arquétipo e a uma idéia espiritual. Portanto, quando dispôs criar este mundo visível formou de antemão um mundo ideal para constituir o corporal de acordo com o modelo imaterial e semelhante a Deus."
Quando Cícero falava das leis que os homens conhecem e usam sobre a Terra dizia: "Não possuímos uma lei real e uma justiça genuína que sejam naturais; tudo o que desfrutamos é uma sombra e um esboço."
Todos os pensadores do mundo antigo opinavam que em alguma parte existia um mundo real do qual este mundo é só uma espécie de pálida sombra, uma cópia imperfeita. Aqui só podemos conjeturar e andar tateando; só podemos trabalhar com sombras e cópias imperfeitas. Mas no mundo invisível estão as coisas reais, perfeitas, o mundo tal como foi concebido por Deus. À morte do Newman foi-lhe erigida uma estátua em cujo pedestal se podiam ler as palavras latinas: Ab umbris et imaginibus ad veritatem. "Das sombras e aparências rumo à verdade." Se isto é assim então a tarefa importante desta vida consistirá em sair das sombras e imperfeições para alcançar a realidade. Isto é exatamente o que o autor de Hebreus anuncia: Jesus Cristo pode nos capacitar para obtê-lo. O autor de Hebreus podia ter dito aos pensadores gregos: "Durante toda a sua vida vocês buscaram a realidade e tentaram sair das trevas para chegar à verdade. Isto é justamente o que Jesus Cristo pode lhes capacitar a fazer".

II. O contexto cultural hebreu

O autor de Hebreus tem também um pano de fundo judeu. Para o judeu sempre era perigoso aproximar-se muito de Deus. Disse Deus a Moisés: “Porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Êxodo 33:20). Jacó exclamou assombrado em Peniel: “Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva” (Gênesis 32:30). Quando Manoá se precaveu de quem tinha sido seu visitante disse aterrorizado a sua mulher: “Certamente, morreremos, porque vimos a Deus” (Juízes 13:22).
O dia da expiação constituía a grande data do culto judeu. Era o único dia do ano em que o sumo sacerdote entrava no santíssimo lugar onde se considerava que habitava a própria presença de Deus. Ninguém jamais entrava ali a não ser o sumo sacerdote e este somente neste dia. Ao realizar este ato a Lei pedia que não se demorasse muito no lugar santo "para que Israel não se aterrorizasse". Era perigoso entrar na presença de Deus; atrasar-se muito podia significar a morte (Cf Lc 1.1-10, 21).
Dentro deste contexto surgiu no pensamento judeu a idéia de uma aliança. A aliança significava que Deus em sua graça e por iniciativa própria — de uma maneira absolutamente imerecida — se aproximava do povo de Israel e lhe oferecia uma relação especial consigo. De uma maneira única eles seriam seu povo e ele seria seu Deus; era o modo de ter um acesso especial a Deus. Mas este acesso estava condicionado à observância da Lei que Deus lhes tinha dado.
Vemos como se cercou esta relação e aceitou-se a Lei na cena dramática de Êxodo 24 3-8. Assim, pois, Israel tinha acesso a Deus, mas só se observasse a Lei. Quebrar a Lei era pecado; o pecado interrompia o acesso a Deus e colocava perante Ele uma barreira. Para se derrubar esta barreira construiu-se todo o sistema do sacerdócio levítico e dos sacrifícios. A Lei tinha sido dada; o homem pecava; surgiam barreiras; se fazia o sacrifício destinado a restabelecer as relações rompidas, recuperar o acesso perdido e abrir de novo o caminho a Deus. Mas segundo toda a experiência da vida dos judeus, foi que o autor de Hebreus demonstrou que era precisamente isso que o sacrifício não podia conseguir. Era preciso repetir uma e outra vez os sacrifícios; os mesmos sacerdotes eram pecadores e deviam oferecer em primeiro lugar sacrifícios por seus próprios pecados; nenhum sacrifício de animal é capaz de tirar efetivamente a culpa do pecado. Portanto, A prova da ineficácia de todo este sistema estava em que os sacrifícios se deviam continuar ininterruptamente. O sacrifício era uma batalha perdida e ineficaz para remover a barreira que o pecado tinha colocado entre o homem e Deus.

O sacerdote perfeito e o sacrifício perfeito


O que os homens precisavam era de um sacerdote perfeito e de um sacrifício perfeito; alguém que pudesse oferecer um sacrifício que de uma vez para sempre abrisse o acesso a Deus. Isto é exatamente o que, no dizer de Hebreus, fez Cristo. Ele é o sacerdote perfeito porque é ao mesmo tempo homem perfeito e perfeito Deus. Em sua humanidade pode levar o homem a Deus e em sua divindade pode trazer Deus ao homem. Ele não tem pecado. O sacrifício perfeito que Ele oferece é o de si mesmo: um sacrifício tão perfeito que não precisa ser repetido jamais. Aos judeus o escritor de Hebreus dizia: "Durante toda a sua vida vocês estiveram buscando o sacerdóte perfeito que pudesse oferecer um sacrifício perfeito para recuperar o acesso a Deus e anular as barreiras para poderem viver para sempre na devida relação com Deus. Isto é o que têm em Jesus Cristo e só nele."

RESUMINDO

Aos gregos o autor de Hebreus dizia: "Vocês andam buscando o caminho para sair das sombras para a realidade; vocês o encontrarão em Jesus Cristo."

Aos judeus o autor dizia: "Vocês andam buscando o sacrifício perfeito que lhes abra o caminho a Deus fechado por seus pecados; vocês o encontrarão em Jesus Cristo."

Para o autor de Hebreus, Jesus era a única pessoa na Terra que dava acesso à realidade e a Deus. Este é o pensamento-chave de toda a Carta.

I. Conhecer melhor a carta aos Hebreus

A. Porque a carta foi escrita?
I. Para encorajar crentes a permanecer firmes na fé, apesar das adversidades.
II. Para incentivar a perseverança durante as provações.
III. Para apresentar Jesus como superior Profeta, Sacerdote e Rei.

B. Qual a data em que esta carta foi escrita?
Provavelmente foi escrita entre 65 -70 d.C.

C. Quem é o autor desta carta?
O autor é desconhecido, mas com certeza foi inspirado por Deus.

D. Quem eram os leitores desta carta?
Crentes judaicos com profundo conhecimento das Escrituras do AT.

E. Qual é a mensagem da carta?
“O escritor de Hebreus pretende demostrar que o cristianismo é o verdadeiro sucessor do judaísmo. Ele centra seu enfoque em três tópicos...”
I. A superioridade de Jesus aos profetas e anjos (Hb 1.1-2, 18);
II. A superioridade de Jesus a Moisés e Josué (Hb 3.1-4, 13);
III. A superioridade da fé cristã (Hb 11.1-13, 25).(RADMACHER; ALLEN E HOUSE 2010, P 636)


“Segundo o escritor de Hebreus, tudo isso aponta para a supremacia e suficiência de Cristo. {Para ele} A verdadeira espiritualidade é alcançada pelo acesso a Deus (Hb 7.19; 10. 19-22); e essa espiritualidade somente pode ser encontrada mediante o Filho de Deus, Jesus Cristo. {Assim} O livro estabelece a supremacia de Cristo sobre tudo (Hb 1.1-4; 9.11-14). {Pois}, Seu sacrifício foi suficiente para tirar todos os nossos pecados; {Portanto} Ele é tudo de que precisamos para chegarmos a Deus” (RADMACHER; ALLEN E HOUSE 2010, P 636)

Cronologia para o Livro de Hebreus
 Ano 50 d. C – Concílio de Jerusalém (At 15. 1-29)
 Ano 51 d. C – Barnabé e João Marcos, Paulo e Silas partem em viagem missionária (At 15.36-41)
 Ano 53 d. C – Apolo prega em Éfeso e Corinto (At 18.24; 19.1)
 Ano 60 - 62 d. C – Paulo é preso em Roma (At 28. 16.30)
 Ano 64 d. C – Perseguição de Nero ao cristianismo
 Ano 67 d. C – Pedro e Paulo são executados
 Ano 70 d. C – O templo em Jerusalém é destruído
(RADMACHER; ALLEN E HOUSE 2010, P 637)

Tema: A Supremacia de Cristo:
Sub-Tema: Cristo é Superior aos Profetas Hb 1.1, 2

Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.

A. Deus falou e continua falando (Hb 1.1)

1. Como Deus falou ontem (Hb 1.1)

Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas...

A expressão muitas vezes se refere a períodos da história do Antigo Testamento, e muitas maneiras se refere aos diferentes métodos que Deus usou para se comunicar, entre os quais {estão} visitações, sonhos, sinais, parábolas e acontecimentos. (RADMACHER; ALLEN E HOUSE 2010, P 637).
“O autor prefere começar comparando Jesus com os profetas, porque sempre se creu que estes estavam no segredo de Deus. Muito tempo antes Amós havia dito: “O SENHOR Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3:7). Filo diz que "os profetas são intérpretes do Deus que os usa como instrumentos para revelar aos homens o que quer." [...] {No entanto}, Deus não poderia revelar mais do que os homens pudessem entender. Porque a revelação de Deus vem através de mentes e corações humanos. E isso é exatamente o que via o autor de Hebreus. Diz que a revelação de Deus, a verdade, veio muitas vezes (polymeros) e de muitas maneiras (polytropos). Notemos dois pensamentos.
(1) A revelação dos profetas tinha uma variedade tão grande que fazia dela algo tremendo. Em cada época em que agiam adaptavam a mensagem às circunstâncias, fazendo ressaltar aquela faceta da verdade que resultava essencial para os homens aos quais falavam. Nunca se tratava de algo estático, passado de moda; algo carente de relação ou incompreensível; sempre era algo adequado às necessidades de cada época.
(2) Ao mesmo tempo, essa revelação era fragmentária e devia apresentar-se em forma tal que pudesse ser entendida apesar das limitações da época. [...] Uma das coisas mais interessantes é ver como várias vezes os profetas se caracterizam por uma idéia determinada. Por exemplo, Amós é "um clamor pela justiça social". Isaías retratava a “santidade de Deus”. Oséias, [...] descobriu a maravilha do “amor do Deus que perdoa”. Portanto, Cada profeta, a partir de sua própria experiência de vida, e da experiência de Israel, captava e expressava um fragmento, uma parte da verdade de Deus. Portanto, fica claro que Nenhum profeta tinha captado todo o círculo completo da verdade...”

2. Como Deus fala hoje (Hb 1.2)

...nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.

Pelo filho. Essa expressão poderia ser traduzida por uma pessoa tal como um Filho. A ênfase aqui se dá no caráter da revelação. É uma revelação do Filho, nem tanto sobre o que ele disse, mas sobre o que Ele é e o que fez.
Jesus não era uma parte da verdade; era a verdade inteira; não era uma revelação fragmentária de Deus, mas sim sua revelação completa. NEle Deus não mostrava alguma faceta de sua verdade; revelava-se Ele próprio plenamente aos homens. Além disso, os profetas tinham usado vários métodos [...] humanos para transmitir uma parte da verdade de Deus. Porém, isto era diferente no caso de Jesus. Jesus revelou a Deus sendo Ele mesmo Deus. [...] A revelação dos profetas foi grande e múltipla, mas fragmentária e oferecida através de métodos que podiam achar para fazê-la efetiva; mas a revelação de Deus em Jesus era completa e estava apresentada em Jesus mesmo. Em outras palavras, os profetas eram os amigos de Deus, mas Jesus era o Filho; os profetas captaram parte da mente de Deus, mas Jesus era a própria mente de Deus. Note-se que o autor de Hebreus não pretende diminuir os profetas; seu propósito era deixar bem assentada a supremacia de Jesus Cristo. Não diz que há uma ruptura entre a revelação do Antigo Testamento e a do Novo; dá ênfase ao fato de que há continuidade: uma continuidade que termina na consumação.

III. Por que Jesus é superior aos profetas? (Hb 1.2-3)
Neste texto vemos sete fatos acerca de Jesus

1. Deus O constituiu herdeiro de todas as coisas v.2

Herdeiro de tudo. Jesus é o herdeiro de todas as coisas, pois é o próprio eterno Filho de Deus (Is 9. 6, 7; Mq 5.2). Sua herança é o domínio universal. Há de reinar sobre todos e tudo (Rm 4. 13; Ap 11.15).
A supremacia de Cristo será revelada na consumação do século. Porque “...nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.” (Cl 1.16). Cristo é o primogênito de Deus (v.6), o herdeiro preeminente, cujos inimigos serão postos por estrado dos seus pés (v. 13).

Aplicação: Como filhos de Deus, adotados por intermédio de Jesus, nós também somos herdeiros junto com Cristo, pois, o verso 14 deste capítulo declara que “os anjos são espíritos ministradores enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação”, e no capítulo 6. 12, 17 o autor relata que nós não devemos nos tornar indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdaram as promessas. Porque o próprio Deus quando quis mostrar firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito jurou por si mesmo por não ter nada maior pelo que jurar. Portanto, “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque nós somos filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não somos escravos, porém filhos; e, sendo filhos, somos também herdeiros por Deus” (Gl 4. 4-7).
“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebemos o espírito de escravidão, para vivermos, outra vez, atemorizados, mas recebemos o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados. Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus” (Rm 8. 14-19)

2. Foi através do Filho que Deus fez o universo v.2

Fez também o universo, ou mundo. A palavra grega para mundo pode significar também séculos. Assim, mundo indica aqui tanto o universo criado quanto o tempo todo ao longo de todas as épocas. O Filho é o Senhor de toda a história com Mediador junto ao Pai.

 A criação é uma doutrina importante da Bíblia. É a primeira coisa declarada (Gn 1.1) e uma das últimas que foram ressaltadas (Ap 4.11; 10.6; 21.5; 22.13). Na Bíblia, há centenas de referências à Criação e ao Criador, cobrindo a Vasta maioria dos livros de Gênesis ao Apocalipse. A criação física não só inclui os objetos inanimados, mas também todos os seres vivos.
 Base Bíblica para a Criação: A palavra criar (bara) é usada com relação a três grandes acontecimentos em Gênesis: (1) A Criação da Matéria (Gn 1.1), (2) a criação dos seres vivos (Gn 1.21),e (3) A Criação dos seres humanos (Gn 1.27).
A criação da Matéria (O Universo): “No princípio, Deus criou os céus e a terra” (Gn 1.1). Com estas palavras majestosas, as escrituras começam a descrever a origem de todas as coisas, e a criação é a fundação de tudo o mais que vem a seguir. Esta grande declaração do ato divino inicial é exclusivamente monoteísta. Esta é a referência à criação a partir do nada (ex nihilo)...
A Origem da Matéria: “Deus é espírito” (Jo 4.24). Como tal, Ele é o Deus “invisível” (1 Tm 1.17). Na verdade, “Deus nunca foi visto por alguém” (Jo 1.18). Deus é invisível e imaterial (1 Tm 6.16), e, como Espírito, Ele não tem “carne nem ossos” (Lc 24.39). Ele é incorpóreo e puramente espiritual. Porém o universo que Deus criou é visível e material (Hb 11.3; este universo pode ser visto e controlado, sendo físico e tangível. Pois, ele tem espaço (qualidade espacial) e tempo (qualidade temporal); ele possui “aqui” e “agora”. Além disso, tem matéria que esta estendida por todo o espaço e o tempo. Tem “partes” ou partículas com espaços entre elas.

A ciência moderna descreve o “material a matéria do universo em termos de átomos de energia física com partículas e cargas constituintes. Conforme experimentam os seres humanos, a matéria é sensível, tangível e visível. É o lado duro e objetivo que inclui o nosso ambiente. Está lá; temos de controlá-la de modo próprio ou então nos chocaremos contra ela, a terra é tangível, como são as estrelas e os planetas. Portanto, confirma a revelação de Deus. E tudo isso foi criado por Cristo “no princípio”. E “todas as coisas foram feitas por Ele” (Jo 1.3). Por intermédio de Jesus, Deus criou “todas as coisas [...] visíveis e invisíveis” (Cl 1.16). Ele criou “os céus e a terra”. A criação que Ele fez inclui a “Terra”, os “Mares” (Gn 1.10) e todas as plantas e animais (Gn 1.6-26). Também inclui o ser humano que foi feito do pó da terra (Gn 2.7) (GEILER, 2010. P 933-934).

3. O Filho é o resplendor da glória de Deus v.3

O Filho é o resplendor da sua glória de Deus. Isso significa ser o Seu brilho emanado da glória essencial de Deus (Jo 1.14; 2 Co 4.4, 6). O autor de Hebreus enfatiza que esse brilho não é refletido, como da luz da lua, mas sim um brilho inerente, como dos raios do sol. O brilho glorioso de Jesus se deve ao fato de ser ele Essencialmente divino.

Aplicação: A Jesus pertence a glória original de Deus; é seu resplendor. Este é um pensamento sublime. Jesus é a glória de Deus. Vemos, pois, com clareza meridiana que a glória de Deus não consiste em esmagar os homens e tiranizá-los, reduzindo-os a uma servidão abjeta, mas em servir aos homens, amá-los e, finalmente, morrer por eles. A glória de Deus não é a glória do poder destruidor, mas sim a do amor que sofre.

4. O Filho é a expressão exata do ser de Deus v.3

A expressão exata do ser de Deu: esta locução expressa imagem e ela ocorre somente nesta passagem do Novo Testamento. Ela significa representação exata ou natureza exata.
O autor considera Jesus o carakter da mesma essência divina, de sua substância, de seu ser. Agora, em grego carakter tem duas acepções; significa primeiro um selo e segundo, a marca ou impressão que o selo deixa na cera. A impressão tem a forma do selo e reproduz exatamente e em detalhe sau forma. Quando o autor de Hebreus diz que Jesus é o carakter do ser de Deus quer afirmar que em Jesus encontra-se a imagem mesma e expressão exata de Deus. Assim como na impressão vê-se como é o selo que a fez, assim também em Jesus vê-se exatamente como Deus é.
O Filho é a representação exata de Deus porque é o próprio Deus (Cl 1.15). Pois, ele possui a mesma natureza de Deus. Por isso, pôde afirmar com convicção: “quem me vê a mim, vê o Pai (Jo 14.9.)

5. O Filho sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder v.3

Sustentando significa suportando ou carregando. Esta frase denota que Jesus está conduzindo todas as coisas de modo a cumprir a vontade do Pai. Significa que Ele está conduzindo tudo para o grande e terrível dia do Senhor, que será o dia do Julgamento. Porém, temos que compreender que Jesus não é apenas o criador do universo, Ele também governa o universo, pois, as leis da natureza estão sob o Seu comando. No entanto, o autor deixa claro que todas as coisas que hoje existem são sustentada pela palavra poderosa do Senhor Jesus.

6. O Filho fez a purificação dos pecados v.3

A Jesus pertencia a obra redentora. Ele levou a cabo a necessária purificação do pecado dos homens. Com seu sacrifício pagou o preço e com sua presença contínua liberta do pecado. Pois, Purificar significa limpar. Isto quer dizer que a glória da redenção é muito maior do que a glória da criação: o filho de Deus não veio para nos ofuscar com Seu esplendor, mas para nos purificar dos nossos pecados.

7. O Filho está assentado à direita da Majestade nas alturas v.3

De Jesus é a exaltação mediadora. Está sentado ao lado de Deus, à direita da glória de Deus; mas o tremendo pensamento do autor de Hebreus é que Jesus não está ali para ser o juiz, senão para interceder por nós; a fim de que quando nos apresentarmos perante Deus, não ouçamos a acusação da justiça divina, mas sim o amor de Deus interceder por nós.

Aplicação: Você conhece alguém maior do que esse Jesus Cristo que nós cremos e pregamos?
Você conhece alguém do tamanho Desse que Jesus que acabamos de retratar? Ele possui essas características?

Conclusão

Deixemos que F.F. Bruce conclua esta mensagem: “Portanto, a grandeza do Filho de Deus recebe sete confirmações e parece que Ele possui em si mesmo todas as qualidades para ser o mediador entre Deus e os homens. É o Profeta através do qual Deus tem falado Sua palavra final aos homens; é o Sacerdote que tem levado a cabo uma tarefa perfeita de purificação dos pecados de seu povo; é o Rei que se assenta entronizado no lugar de honra principal, ao lado da Majestade, nas alturas” (La Epístola a los Hebreos, Buenos Aires: Nueva Creacion, p.8).

ESTUDO SINTÉTICO NA CARTA DE PAULO AOS TESSALONICENSES.

CONTEXTO HISTÓRICO

Ocasião em que foi escrita.

A igreja em Tessalônica era fruto da segunda viagem missionária de Paulo (Atos 17:1-9). Milagrosamente libertado da cadeia de Filipos, Paulo e seus companheiros, Silas e Timóteo, seguiram lentamente para o sul e então para o oeste ao longo da grande estrada romana até Tessalônica, centro comercial e capital da Macedônia. Ali, apesar da oposição pertinaz, organizaram a segunda igreja européia. Importunado pelos judeus em Tessalônica e Beréia (Atos 17:10-15), Paulo fugiu para Atenas, onde a preocupação com o bem-estar espiritual dos crentes de Tessalônica, instigaram-no, com algum sacrifício pessoal, a enviar Timóteo para sustentar a igreja nas ondas de perseguição (I Ts. 3:1-3). Timóteo juntou-se novamente a Paulo em Corinto com a boa notícia de que a semente do Evangelho caíra em boa terra. Então Paulo escreveu I Tessalonicenses para elogiar seus fiéis irmãos pela sua inabalável dedicação a Cristo e de uns para com os outros e para encorajá-los a progredirem mais no amor e na santidade. (Moody P. 1).

Data e Lugar.

Graças à inclinação de Lucas pelos detalhes históricos, as datas destas cartas podem ser fixadas com razoável certeza. A referência que Lucas faz a Gálio, procônsul da Acaia, em relação à viagem de Paulo a Corinto (Atos 18:12), foi esclarecida pela descoberta em Delfos de uma inscrição que data do proconsulado de Gálio dentro do reino do imperador Cláudio. A inscrição parece indicar que Gálio tomou posse do seu posto no verão de 51 A.D. Uma vez que Lucas parece sugerir que Paulo ficou em Corinto cerca de dezoito meses antes de Gálio subir ao poder (Atos 18:11), o apóstolo provavelmente chegou em Corinto no começo do ano 50 A.D. Não muito tempo depois disso, Silas e Timóteo voltaram da Macedônia com a notícia que Paulo menciona escrevendo I Tessalonicenses (Atos 18:5; I Ts. 3:1-6), provavelmente em meados do ano 50 A.D... (Moody P. 1).


Pensamento-chave do livro
1 Ts. 1.9 Abandonando os ídolos para servir ao Deus verdadeiro.

ESBOÇO DO LIVRO

1. Saudações (1.1)
2. Como o Evangelho Chegou aos tessalonicenses (1.2 - 2.12)
A. Os motivos da oração de Paulo pelos tessalonicenses (1.2-5)
B. Paulo relembra sobre seu proceder entre os tessalonicenses (1.5-6)
C. Os tessalonicenses imitam a Paulo e o Senhor Jesus (1.6-7)
D. A repercussão da fé dos tessalonicenses (1.8-10)

3. Os tessalonicenses recebem a palavra de Deus e tornam-se exemplos (2.13-16)
A. Os tessalonicenses recebem a pregação de Paulo como palavra de Deus (2.13)
B. A perseguição por causa da palavra de Deus (2.13-16)

4. Os resultados do Evangelho em meio tessalonicenses (2.17 - 3.13)
A. O desejo de Paulo de rever os tessalonicenses (2.17-20)
B. A preocupação de Paulo em relação à fé dos tessalonicenses (3.1-5)
C. Timóteo traz boas notícias a Paulo em relação à fé dos tessalonicenses (3.6-9)
D. A oração de Paulo (3.11-13)

5. Orientações de como os tessalonicenses deveriam viver para agradar a Deus (4.1-12)
A. Exortações para a santificação dos tessalonicenses (4.1-6)
B. Orientações para serem diligentes na fé (4.6-12)

6. Orientações sobre a volta de Cristo (4.13 – 5.11)
A. Explicações sobre a morte de Cristo e a ressurreição dos santos (4.13-15)
B. Como se dará a volta do Senhor e a ordem dos acontecimentos (4.15-18)
C. A destruição virá repentinamente (5.1-3)
D. Os cristãos não serão pegos de surpresa, pois, devem vigiar e orar (5.4-6)
E. O destino dos filhos da luz e dos filhos das trevas (5.7-11)

7. Orientações finais e saudação (5.12-28)
A. Consideração para com os líderes (5.12-13)
B. Várias exortações sobre o viver diário (5.14-22)
C. Saudação apostólica (5.23-24)
D. Saudações finais (5.25-28)

ESTUDO SINTÉTICO NA CARTA DE 1ª TESSALONICENSES.
Pensamento-chave do livro
1 Ts. 1.9 Abandonando os ídolos para servir ao Deus verdadeiro.

CAPÍTULO UM.

Paulo, Silvano e Timóteo são os escritores desta carta (v. 1)
Os autores iniciam esta carta, declarando aos tessalonicenses que, eles sempre dão graças a Deus pelas recordações que têm dos mesmos, tais como: Operosidade da fé, do amor abnegado e da firme esperança em Cristo Jesus, e assim reconhecendo que eles foram eleitos por Deus (v. 2-4)

1.5-10 Paulo, Silvano e Timóteo iniciam esta seção, relatando como o evangelho chegou aos tessalonicenses através deles:

I. Não somente em palavras.
II. Mas, sobretudo em poder.
III. No Espírito Santo.
IV. E em plena convicção v.5

Por causa disto, eles obtiveram resultados entre os tessalonicenses, pois eles tendo recebido a palavra do Senhor em meio “a muita tribulação e com alegria do Espírito Santo” (v. 6), tornaram-se imitadores deles (Paulo, Silvano e Timóteo), e do Senhor Jesus (v. 6), e a fé deles, repercutiu pela Macedônia e Acaia e também por toda parte; pois, “deixando os ídolos, converteram-se a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro. Aguardando assim a volta do Senhor Jesus. (vv 5-10).

CAPÍTULO DOIS

Os autores reconhecem que a estada deles entre os tessalonicenses não foi infrutífera, pois ele mesmo depois de ter sido maltratado e ultrajado em Filipos, não teve receio de pregar o evangelho em Tessalônica. (vv. 1-2)

2. 3-6 Nestes versículos, Paulo relembra o procedimento deles entre os tessalonicenses, pois:

I. Sua exortação não era enganosa;
II. Nem impura;
III. Nem se baseava em dolo (v. 3);
IV. Não usava de linguagem de bajulação;
V. Nem de intuitos gananciosos (v. 5);
VI. Não buscava a glória de homens;
VII. Nem deles (os tessalonicenses);
VIII. Nem de outros (v. 6);
IX. Porque eles eram aprovados por Deus;
X. Que lhes confiou o evangelho;
XI. Para falar de modo a agradar a Deus e não aos homens (v. 4).

2. 7-12. Neste ponto, Paulo retrata o amor que sentia pelos tessalonicenses, pois ele diz que estava pronto não só para lhes oferecer o evangelho de Deus, mais a sua própria vida, visto que eles se tornaram como filhos para Paulo; para exemplificar isto, Paulo faz uso das figuras de linguagem, a materna e a paterna.

2. 13-16. Paulo elogia a fé dos tessalonicenses e faz severas críticas aos judeus, pois, estes estavam impedindo que ele levasse o evangelho aos gentios, enquanto que aqueles suportavam as perseguições levantadas pelos seus compatriotas. (v. 14)

2. 17-20. Aqui Paulo relata a vontade de rever os tessalonicenses, pois por duas vezes quis ir vê-los, mais foi impedido por satanás (v.9). Paulo deixa bem claro que o motivo de tal perseguição maligna era porque para ele, os Tessalonicenses eram sua alegria e sua glória perante o Senhor Jesus.

CAPÍTULO TRÊS

3.1-5. Paulo, não podendo suportar a sua curiosidade e sua ansiedade em relação aos tessalonicenses, enviou Timóteo para saber como eles estavam suportando as tribulações e perseguições e assim, verificar se por causa das mesmas os tessalonicenses haviam abandonado a fé.

3. 6-10. Agora sabedor da situação e que os tessalonicenses se mantinham firmes na fé, e que eles tinham gratas lembranças de Paulo e desejavam vê-lo, ficou consolado a respeito deles, apesar das tribulações que ele passava, dava sempre graças a Deus por causa dos tessalonicenses, por causa da alegria que sentia em relação a ele, orando com máximo empenho para que pudesse vê-los pessoalmente.

3.11-13. Aqui vemos a oração de Paulo para que Deus guie o seu caminho até eles; e também pelos tessalonicenses, para que Deus os faça crescer e aumente o seu amor de uns para com os outros; e para que o coração deles seja confirmado em santidade para permanecerem isentos de culpa na presença de Deus.

CAPÍTULO QUATRO

4.1-8. Paulo conclama aos tessalonicenses a continuarem a viver de modo digno e irrepreensível para agradar a Deus; Pois a vontade de Deus é que:

I. Sejam Santos;
II. Abstendo-se da prostituição;
III. Que possuam seu corpo em santificação e;
IV. Em honra;
V. Sem desejo de lascívia.

Porque este modo de viver pertence aos gentios que não conhecem a Deus. Paulo também os orienta que em relação a este assunto, ninguém deve ofender ou defraudar ao seu irmão, de modo que Deus não vos sobrevenha como vingador, pois Deus não os chamou para serem impuros e sim santos. Porque ao rejeitar estes preceitos, eles estariam rejeitando o próprio Deus.

4.9-12. Neste parágrafo, Paulo fala que os tessalonicenses não necessitam de orientação quanto ao amor fraternal, pois eles têm praticado este amor para com os da Macedônia. Também, dá-lhes algumas orientações para: Que vivam tranquilamente, cuidando do que lhes pertence, trabalhando com suas próprias mãos, portando-se com dignidade para com os de fora, para que nada venha à lhes faltar.

4.13-18. Deste ponto em diante, Paulo passa a consolar os tessalonicenses, em relação à vinda do Senhor Jesus, relatando o que vai acontecer aos que já morreram e também aos que estão vivos, por isso diz:

I. Assim como Jesus ressuscitou;
II. Deus trará em sua companhia os que dormem (os mortos);
III. Pois os vivos, não iram preceder aos mortos na volta do Senhor;
IV. Eles (os mortos) precederão aos vivos, pois ressuscitarão primeiro;
V. Só depois os vivos irão se encontrar com o Senhor nos ares;
VI. Para viverem para sempre com Jesus.

Estas palavras devem servir de conforto para todos os irmãos, pois esta devia ser a esperança dos tessalonicenses.

CAPÍTULO CINCO

5.1-3. Continuando com o mesmo assunto do capítulo anterior, Paulo orienta aos tessalonicenses de que eles não devem andar preocupados em relação ao tempo da volta do Senhor, pois eles já estavam orientados de que o Senhor viria de surpresa, e para ilustrar a volta do Senhor, Paulo faz uso da figura de uma mulher que está para dar a luz, pois as dores do parto lhes são inevitáveis, e estas dores viram sobre os gentios.

5.4-11. A partir deste momento faz-se uma comparação entre os tessalonicenses e os filhos das trevas e mostra-lhes o porque deles não serem apanhados de surpresa:

Quadro comparativo entre os...

Tessalonicenses
v.4 Não estão em trevas
v.4 Não serão apanhados de surpresa
v.5 São filhos da luz e do dia
v.6 Vigiam e são sóbrios
v.7 Não se embriagam e não dormem
v.8 São do dia
v.8 São sóbrios
v.8 Revestem-se da couraça da justiça
v.8 Revestem-se da couraça da fé
v.8 Revestem-se da couraça do amor
v.9 Não estão destinados à ira de Deus
v.9 Alcançarão a salvação em Cristo Jesus
v.10 Mesmo dormindo ou vigiando estão unidos a Cristo
v.11 Consolam uns aos outros
v.11 Edificam uns aos outros

Filhos das trevas
v.4 Estão em trevas
v.4 Serão surpreendidos
v.5 São filhos das trevas e da noite
v.6 Não são vigilantes e são ébrios
v.7 Estão embriagados e dormindo
v.8 São da noite
v.8 São ébrios
v.8 Revestem-se da couraça da injustiça
v.8 Revestem-se da couraça da incredulidade
v.8 Revestem-se da couraça de indiferença
v.9 Estão destinados à ira de Deus
v.9 Serão condenados por Cristo Jesus
v.10 Estão separados de Cristo
v.11 Traem uns aos outros.
v.11 Destroem uns aos outros

5.12-28. Orientações finais.

Paulo trás suas últimas orientações aos tessalonicenses em forma de rogo e exortação. Portanto, roga que: acateis com apresso os que trabalham e presidem entre eles, admoesta para que tenham máxima consideração, por causa do seu trabalho e para que vivam em paz uns com os outros. Paulo também trás algumas palavras de exortação são elas:

I. Admoestar os insubmissos;
II. Consolar os desanimados;
III. Amparar os fracos;
IV. Serem longânimos para com todos (v.14);
V. Evitar que alguém retribua a outrem mal por mal;
VI. Seguir sempre o bem entre eles e com todos (v.15);
VII. Regozijar-se sempre (v.16);
VIII. Orar sem Cessar (v.17);
IX. Em tudo dar Graças (v.18);
X. Não apagar o Espírito (v. 19);
XI. Não desprezar as profecias (v.20);
XII. Julgar todas as coisa e reter o que é bom (v.21);
XIII. Abster-se de toda forma de mal (v.22)
XIV.Pois, esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para com todos (v.18)

Tudo isso para que o Deus da paz os santificasse em tudo, conservando-os íntegros e irrepreensíveis para a vinda de Cristo, pois Deus é fiel para mantê-los desta forma.
Encerra-se a carta com o pedido de oração por eles (Paulo, Silvano e Timóteo), saudando a todos os irmãos com ósculo santo e advertindo que a carta seja lida a todos os irmãos; desejando que a graça de Jesus esteja com todos.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO

INTRODUÇÃO

Dentro da Ordem de Salvação encontramos frequentemente o homem salvo em um estado de passividade, ou seja, sofrendo a ação direta do livramento eterno de Deus. Porém em alguns estágios desta ordem, pode-se perceber que o homem é mais do que um simples receptáculo que constantemente sofre a ação divina, mas que também realiza algumas ações, que são características próprias daqueles que são escolhidos para a salvação. E a santificação é um desses estágios.
Para Geisler (2010), a santificação é o segundo estagio da ordem de salvação e é a libertação do poder do pecado, ou seja, é livrar-se do domínio influenciador causado pelo pecado na vida de todo e qualquer ser humano regenerado. Ele também nos apresenta três áreas de vitórias sobre o pecado que o homem pode alcançar:

(1) Vitória sobre o mundo (I Jo 5.4)
(2) Vitória sobre a carne (Rm 7. 24-25)
(3) Vitória sobre o diabo (Tg. 4-7)
Sendo que, estas vitórias não são plenas, pois, o pecado ainda habita em nós.

DEFINIÇÃO DE TERMOS

TERMOS BIBLICOS PARA SANTIFICAÇÃO

I. SANTO.

Chafer (2003), diz que a palavra “Santo, com suas várias formas” aparece aproximadamente 400 vezes no Antigo Testamento e 12 em relação aos crentes do Novo Testamento, ela refere-se “ao estado de ser separado, ou de ser colocado à parte, daquilo que não é santo. Relata ainda que, Cristo era ‘santo, inculpável, imaculado, separado dos pecadores’. Assim Ele era santificado.” Já em relação a “O substantivo adjetivado ‘santo’, usado a respeito de Israel (...) e dos crentes (...), é aplicado somente a pessoas vivas e se relaciona somente à posição deles na avaliação de Deus. Ele nunca está associado com qualidade da vida diária deles. Eles são santos em razão de serem particularmente classificados e separados no plano e propósito de Deus. Por serem santificados assim, eles são santos.”

II. SANTIFICAR.

Palavra que é usada no Antigo Testamento 106 vezes e no Novo Testamento 31 vezes, tem como significado “colocar á parte”. “Ela indica a classificação em assunto de posição e relacionamento. A base da classificação é usualmente a de que a pessoa (ou coisa) santificada foi colocada à parte, ou separada, de outras em sua posição e relacionamento perante Deus, isto é, separada daquilo que não é santo. Este é o significado geral da palavra.”
Definição de Santificação
Santificação é uma obra divina, na qual o homem regenerado coopera, para que ele possa ser cada vez mais conformado a imagem de Cristo nesta vida terrena.
Sabemos, portanto, que há alguns teólogos que não concordam com o fato de que o homem possa cooperar com Deus em relação à santificação, “Entretanto, se expusermos claramente a natureza do papel de Deus e do nosso papel na santificação, não parece impróprio dizer que Deus e o homem cooperam na santificação”.

Α Doutrina da Santificação na História

1. ANTES DA REFORMA.

Desde o inicio, a preocupação da igreja com o dogma da santificação girava em torno de três princípios fundamentais, são eles:
I. A relação da graça de Deus na santificação com a fé
II. A relação da santificação com a justificação
III. O nível da santificação nesta existência

Berkhof (2009. Pg. 486/87), relata que “Os escritos dos chamados primeiros Pais da Igreja contêm muito pouca coisa a respeito da doutrina da santificação”. Também nos afirma que “Agostinho foi o primeiro a desenvolver ideias um tanto definidas de santificação e as suas opiniões tiveram determinante influência sobre a Igreja da Idade Média”, e que seus ensinos “frutificaram na teologia da Idade Média, que se vê em sua elaboração mais desenvolvida nos escritos de Tomaz de Aquino”. E neles não havia uma distinção clara entre “a justificação e a santificação”. Para eles a “graça é uma espécie de donum superadditum (dom superádito), pelo qual a alma é elevada a novo nível ou a uma ordem superior do ser, e é capacitada a cumprir o seu destino celestial de conhecer, possuir e fruir a Deus”.

2. DEPOIS DA REFORMA.

Na época da reforma havia uma clara distinção entre santificação e justificação, pois, os reformadores consideravam a justificação como “um ato legal da graça divina” pelo qual o homem era afetado judicialmente. Em quanto que a santificação era vista “como uma obra moral ou recriadora, mudando a natureza interior do homem” . Mesmo fazendo tal distinção os reformadores também afirmavam a relação entre ambas. Mesmo “convictos de que o homem é justificado somente pela fé (...)”, ela “é imediatamente seguida pela santificação, visto que Deus envia o Espírito de Seu Filho aos corações dos que Lhe pertencem, tão logo são justificados, e esse Espírito é o Espírito de santificação” . Para eles a santificação não era vista apenas como uma “essência sobrenatural infusa no homem através dos sacramentos, mas como uma sobrenatural e graciosa obra do Espírito Santo, primariamente mediante a Palavra, e secundariamente mediante os sacramentos, pela qual Ele nos livra mais e mais do poder do pecado e nos habilita a praticar boas obras” . Já Wesley não fazia distinção entre a justificação e a santificação, pois, falava de uma separação virtual entre elas “e falava da santificação completa como um segundo dom da graça, seguindo-se ao primeiro, a justificação pela fé, após um período mais curto ou mais longo” .
Para Berkhof “a santificação deixou de ser considerada como uma obra sobrenatural do Espírito Santo na renovação dos pecadores, e foi rebaixada ao nível de um simples melhoramento moral obtido pelos poderes naturais do homem” com a “influência do Racionalismo e do moralismo de Kant” (Pg. 488). E nos diz que “Em grande parte da teologia liberal moderna, a santificação consiste apenas na sempre crescente redenção do ser inferior do homem mediante o domínio do seu ser superior” (Pg. 488).

DIFERENÇA ENTRE A JUSTIFICAÇÃO E A SANTIFICAÇÃO
Grudem (1999 Pg. 622) nos apresenta uma tabela simples, mas bastante eficaz em relação a essa comparação, vejamos:
Justificação Santificação
Posição legal Condição interna
De uma vez por todas Continua por toda a vida
Obra inteiramente de Deus Nós cooperamos
Perfeita nesta vida Não perfeita nesta vida
A mesma em todos os Cristãos Maior em alguns do que em outros

Esta lista serve para que vejamos o quanto à santificação pode ser também desenvolvida pelo homem nesta vida, e quão importante ela é para a vida do cristão, pois, ele deve sempre buscar desenvolver esta santificação de forma a agradar a Deus, pois este é um desejo do Senhor nosso Deus para nós: “Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus” (Levítico 20:7. Ênfase nossa).

OS TRÊS ESTÁGIOS DA SANTIFICAÇÃO

1. A santificação tem um começo definido na regeneração.
A santificação tem um começo? Como podemos averiguar este início na vida de um cristão?
Para respondermos a estas perguntas devemos entender que, como a santificação é um estágio da salvação, ela deve ter inicio em algum momento na vida de um homem regenerado. Mas, quando isso realmente acontece? Grudem nos diz que ela acontece no momento da nossa regeneração, vejamos:

Uma mudança moral definida ocorre em nossa vida no momento da regeneração, porque Paulo fala sobre “o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5). Uma vez nascidos de novo não podemos continuar pecando como um hábito ou como um padrão de vida (1Jo 3.9), porque o poder da nova vida espiritual em nós impede-nos de render-nos a uma vida de pecados.



Ele também diz que: “Essa mudança moral é o primeiro estágio na santificação” (Pg. 623), e que “Esse passo inicial da santificação envolve uma ruptura definitiva com o poder preponderante do pecado, bem como o amor ao pecado, para que o crente não mais seja regido nem dominado por ele e não mais ame o pecado” (Pg. 623).

2. A santificação aumenta por toda a vida.
Como a santificação tem início na nossa regeneração e se desenrola por toda a vida cristã, ela aparece em níveis diferentes em cada cristão que buscam se aproximar mais de Deus, pois...

Ainda que o Novo Testamento fale sobre um começo definido da santificação, também a vê como um processo que continua por toda nossa vida cristã. Geralmente esse é o sentido principal com que o termo santificação é usado na teologia sistemática e nas conversas cristãs de hoje. Embora Paulo diga que seus leitores foram libertados do pecado (Rm 6.18) e que estão “mortos para o pecado, mas vivos para Deus” (Rm 6.11), ele todavia reconhece que o pecado permanece na vida deles; por essa razão, aconselha-os a não deixá-lo reinar e a nem se renderem a ele (Rm 6.12-13) .

Se assim nos comportarmos, seremos cada vez mais semelhantes ao nosso Senhor Jesus Cristo, por isso, devemos ser “transformados, de glória em glória, na sua própria imagem” (2 Cr 3.18)
3. A santificação se completará na morte (em nossa alma) e quando o Senhor retornar (em nosso corpo).
Depois de convertidos, será que podemos pensar que somos santos em sua total plenitude? Grudem nos relata que não, porque para ele a nossa santificação não será completa em quanto estivermos neste corpo corruptível. Ele diz:

Por causa do pecado que ainda permanece em nosso coração, embora tendo-nos tornado cristãos (Rm 6.12-13; 1Jo 1.18), nossa santificação nunca se completará nesta vida. (...) Mas uma vez que morramos e estejamos com o Senhor, então nossa santificação se completa nesse sentido, porque nossa alma é libertada do pecado que habita em nós e é aperfeiçoada. (...) Entretanto, quando consideramos que a santificação envolve a pessoa toda, incluindo o nosso corpo (veja 2Co 7.1; 1Ts 5.23), então compreendemos que ela não se completará inteiramente antes que o Senhor retorne e ressuscitemos. Nós esperamos a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo do céu, quando ele “transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória” (Fp 3.21). É “na vinda” (1Co 15. 23) que seremos vivificados com corpo da ressurreição e então iremos levar conosco plenamente “a imagem do celestial” (1Co 15.49)

Para Strong (Pg. 1718), “A salvação é algo que pertence ao passado, ao presente, ao futuro”, pois para ele o “fato passado”, é a “justificação”; “o processo presente”, é a “santificação”; enquanto que a “consumação futura”, é a “redenção e glória”. Por tanto, ele diz que "Negativamente, a santificação consiste na remoção das consequências penais do pecado a partir da natureza moral; positivamente, na implantação e desenvolvimento de um novo princípio de vida”.

4. A santificação nunca se completará nesta vida.

Devemos ter em mente que a santificação plena nunca se concretizara nesta vida e deve ficar claro para nós que a santificação é algo futuro relacionado com a volta de Cristo, pois, quando olhamos para o que Paulo diz aos Efésios: “Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (4:13), somos obrigados a crer que, só poderemos alcançar essa plenitude ou quando morrermos, ou quando Cristo voltar (Veja 1Co 15.53,54).


Porém, uma vez que tenhamos concluído que a santificação nunca será completada nesta vida, devemos exercitar nossa sabedoria e prudência pastorais no modo como usamos esta verdade. Baseando-se neste fato, alguns podem usá-lo para não se esforçar em busca da santidade nem para crescer na santificação – procedimento exatamente oposto a inúmeros mandamentos do Novo Testamento. (Grudem 1999. Pg 627)

Características da Santificação

Para falarmos sobre as características da santificação, traremos um resumo com suas referências bíblicas apresentadas por Strong em sua Teologia Sistemática (Págs. 1721-1730), são elas:

I. Santificação é obra de Deus. (1 Ts. 5.23)
II. É processo contínuo. (Fp. 1.6; 3,15; Cl 3.9,10; At. 2.47; 1Co 1.18; 2Co 2.15; 1Ts 2.12)
III. É distinto da regeneração como o desenvolvimento desde o nascimento, ou como o fortalecimento de uma santa disposição a partir da sua concessão original. (Ef. 4.15; 1Ts 3.12; 2 Pe 3.18; 1 Pe 1.23; 1Jo 3.9)
IV. A operação de Deus se revela na atividade inteligente e voluntária do crente e é acompanhada por ela na descoberta e mortificação dos desejos pecaminosos e na condução do ser inteiro à obediência a Cristo e conformidade com os padrões da sua palavra. (Jo 17.17; 2Co 10.5; Fp. 2.12,13; 1Pe 2.2; Jo 15.3; Ef 5.1; Cl 3.4)
V. A atuação através da qual Deus efetua a santificação no crente é a habitação do Espírito de Cristo. (Jo. 14.17,18; 15.3-5; Rm. 8.9,10; 1 Co. 1.2,30; 6.19; Gl. 5.16; Ef. 5.18; Cl. 1.27-29; 2 Tm 1.14)
VI. A causa mediata ou instrumental da santificação, como da justificação, é a fé. (At. 15.)
VII. O objeto desta fé é o próprio Cristo, como o cabeça dessa nova humanidade e a fonte da verdade e da vida para os que se uniram a ele. (2 Co. 3.18; Ef. 4.13; 1 Jo. 3.3)
VIII. Apesar de que a mais fraca fé justifica, o grau de santificação é medido pela força da fé cristã e pela persistência com que apreende a Cristo nas várias relações pelas quais, segundo as Escrituras, ele nos sustenta. (Mt. 9.29; Lc. 17.5; Rm. 12.2; 13.14; Ef. 4.24; 1 Tm. 4.7)
IX. Da falta de persistência no uso dos meios indicados para o desenvolvimento cristão – tais como a Palavra de Deus, a oração, a união com outros crentes e o esforço pessoal para a conversão dos ímpios – a santificação nem sempre prossegue em curso regular e ininterrupto e nunca se completa nesta vida. (Fp. 3.12; 1 Jo. 1.8)
X. A santificação tanto da alma como do corpo do crente completa-se na vida futura; a daquela na morte e a deste, na ressurreição. (Fp. 3.21; Cl. 3.4; Hb. 12.14,23; 1 Jo. 3.2; Ap. 14.5;Hb. 9.28; 1 Ts. 3.13; 5.23).


O Autor e os Meios da Santificação

Berkhof (Pg. 492), diz que “A santificação é obra do Deus triúno, mas é atribuída mais particularmente ao Espírito Santo na Escritura, (Rm 8.11; 15.16; 1Pe 1.2)”. Ele também nos relata que por mais que “o homem tenha o privilégio de cooperar com o Espírito de Deus, só pode fazê-lo em virtude das forças que o Espírito lhe comunica dia após dia”. Sendo assim, para ele “O desenvolvimento espiritual do homem não é uma realização humana, mas é obra da graça divina”. Portanto, “ O homem não merece crédito algum pela contribuição que lhe dá instrumentalmente”.
Tendo em vista a instrumentalidade que o Espírito Santo usa para que a santificação tenha lugar na nossa vida subconsciente, Berkhof nos apresenta três instrumentos utilizados pelo Espírito Santo:

1. A PALAVRA DE DEUS.

Em oposição à Igreja de Roma, deve-se afirmar que o principal meio usado pelo Espírito Santo é a Palavra de Deus. (...) Ela é útil para estimular a atividade espiritual apresentando motivos e incentivos, e nos dá direção para essa atividade por meio de proibições, exortações e exemplos, 1Pe 1.22; 2.2; 2Pe 1.4.

2. OS SACRAMENTOS.

Estes são os meios par excellence (por excelência), segundo a Igreja de Roma. Os Protestantes os consideram subordinados à Palavra de Deus, e às vezes falam deles até como "Palavra visível". Simbolizam e selam para nós as mesmas verdades que são expressas verbalmente na Palavra de Deus, e podem ser considerados como uma palavra em ação, contendo uma viva representação da verdade, que o Espírito Santo torna ocasião para santos exercícios. Eles não somente são subordinados à Palavra de Deus, mas também não podem existir sem ela, e, portanto, sempre são acompanhados por ela, Rm 6.3; 1Co 12.13; Tt 3.5; 1Pe 3.21.

3. DIREÇÃO PROVIDENCIAL.

As providências de Deus, quer favoráveis quer adversas, muitas vezes são poderosos meios de santificação. Em conexo com a operação do Espírito Santo mediante a Palavra, elas agem em nossos afetos naturais e, assim, frequentemente aprofundam a impressão da verdade religiosa e a acionam vigorosamente. Devemos ter em mente que a luz da revelação de Deus é necessária para a interpretação das Suas orientações providenciais, Sl 119.71 ; Rm 2.4; Hb 12.10.

Relação da Santificação com Outros Estágios da Ordo Salutis

Berkhof nos apresenta uma lista com três estágios da Ordo Salutis com a qual a Santificação está intimamente relacionada, são eles a Regeneração, a Justificação e a Fé.

1. COM A REGENERAÇÃO.

Ele diz que a regeneração é um estágio completo na vida do homem salvo, e ela é o princípio da santificação. A santificação por sua vez “se distingue da regeneração como o crescimento se distingue do nascimento, ou como o fortalecimento de uma santa disposição se distingue da comunicação original dela.”

2. COM A JUSTIFICAÇÃO.

Para berkhof (2009. Pg. 493) “A justificação é a base judicial da santificação”. Por isso “Deus tem direito de exigir de nós santidade no viver, mas, uma vez que não podemos ter bom êxito com esta santidade por nós mesmos, Ele gratuitamente a produz em nós, por intermédio do Espírito Santo, com base na justiça de Jesus Cristo, que nos é imputada na justificação”.

3. COM A FÉ.

Berkhof nos diz que, “A fé é a causa mediata ou instrumental da santificação, como também da justificação”. Pois, a fé “Nos une a Cristo e nos mantém em contato com Aquele que é a Cabeça da nova humanidade, a fonte da nova vida em nós, e também da nossa progressiva santificação, através da operação do Espírito Santo”. Portanto, devemos manter-nos no “constante exercício da fé, (...) para haver avanço no caminho da santidade”. Deste modo, devemos ter em mente que, “a mais fraca fé serve de meio para uma justificação perfeita, o grau de santificação é proporcional ao vigor da fé cristã e à persistência com que se apega a Cristo.”

DEUS E O HOMEM COOPERAM NA SANTIFICAÇÃO

Como já afirmamos inicialmente, Deus e o homem cooperam no processo santifacatório na vida de um homem regenerado, por isso demostraremos qual o papel de cada um nesse processo.
Não queremos dizer com isso que nós temos “papéis iguais na santificação ou que ambas as atuações são iguais, mas simplesmente que cooperamos com Deus de maneira condizente à nossa condição como criaturas de Deus. E pelo fato de as Escrituras enfatizarem o papel que desempenhamos na santificação. ...”
1. O papel de Deus na santificação.
Para Grudem , “a santificação é principalmente uma obra de Deus”. Por isso, Ele nos disciplina como seus filhos, “mostrando assim um pouco da maneira como ele nos santifica”. Ele nos relata ainda que Cristo “conquistou a nossa santificação para nós”, sendo nosso exemplo e autor e consumador da nossa fé (Hb 12.2). “Mas é especificamente o Espirito Santo quem atua dentro de nós para nos transformar e nos santificar, dando-nos maior santidade na vida”.


2. O nosso papel na santificação.

Na santificação nós desempenhamos dois papeis: o primeiro é passivo, onde vemos a nossa total dependência de Deus na nossa santificação, o segundo é o ativo, no qual empenhamos nossos esforços para satisfazer a Deus e caminharmos rumo a nossa santificação. Enquanto “passivos”, o papel “que desempenhamos na santificação é visto em textos que nos encorajam a confiar em Deus ou a orar pedindo que ele nos santifique...” (Rm 6.13, 19; 12.1), mas somo vistos como “ativos”, em textos tais como Romanos 8.13, onde devemos mortificar os feitos do nosso corpo, para que tenhamos vida. Neste texto Paulo diz que é pelo Espírito Santo que conseguimos mortificar a nossa carne, mas observe, que “Não é ao Espirito Santo que se ordena a mortificação dos feitos do corpo, mas sim aos cristãos!”
Portanto, é de extrema importância que sejamos passivos na confiança de que é Deus quem nos santifica e que sejamos ativos na busca dessa santificação diária. Pois, “Se negligenciarmos o esforço ativo de obedecer a Deus, tornamo-nos cristãos passivos, indolentes. Se negligenciarmos o papel passivo de confiar em Deus e de nos oferecer a ele, tornamo-nos orgulhosos e excessivamente confiante em nós mesmos”.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2009.
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2003.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2010
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Um chamado singular!

INTRODUÇÃO: Você certamente já foi convidado para várias coisas em sua vida, ex: jantares, almoço, aniversários, casamentos e etc., mas, eu duvido que você tenha recebido algum convite que possa ter mudado a sua vida, e que lhe dará descanso eterno. por este e outros motivo eu gostaria de tratar com você do seguinte...

TEMA: A singularidade do chamado de Cristo
FT: Por que o chamado de Cristo é singular?
1. Porque é pessoal (vv. 28-29)
1.1 Vinde a mim (v.28a)
Cristo estava chamando as pessoas para que fossem em a Ele; mas, o que acontecia quando as pessoas iam ao encontro de Cristo? Para responder a esta pergunta, eu gostaria de fazer uso de alguns exemplos de pessoas que foram ao encontro de Cristo:
I. O Leproso (Mt. 8.1-4)
II. O centurião de Cafarnaum (Mt. 8.5-13)
III. Os endemoninhados gadarenos (Mt. 8.28-32)
IV. O paralítico de Cafarnaum (Mt. 9.1-8)
V. Jairo e aquela mulher do fluxo de sangue (Mt. 9.19-26)
VI. Os dois cegos que foram à casa de Jesus (Mt. 9.27-31)
VII. O mudo endemoninhado que foi levado a Cristo (Mt. 9.32-34)
VIII. A mulher Cananéia (Mt.15.21-28)
IX. Os enfermos da Galileia (Mt. 15. 29-31)
X. Os Doentes no templo de Jerusalém (Mt. 21.14)
Todas estas pessoas e muitas outras, as quais eu não citei, foram a Cristo e tiveram a sua vida ou, a vida daqueles por quem eles rogavam, transformada. Pois quando você vai a Cristo,com coração quebrantado e humilhado, algo na sua vida é mudado, porque Ele te aceita como você é, mas recusa-se a deixá-lo como você está!
1.2 Tomai sobre vós o meu Jugo (v.29a)
Champlim nos diz que o Jugo (de Cristo), “Contrasta com o jugo da lei, e da religião rigorosa. Jesus oferece um jugo que se deriva de seu perfeito conhecimento do Pai. Conforme vemos no v.27. meus amados, existia uma outra grande diferença entre o jugo de Cristo e o dos farizeus; o jugo dos farizeus era um jugo que si levava sozinho, por isso Cristo disse: "Atam cargas pesadas e difíceis de levar, e as põem sobre os ombros dos homens, entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los." (Mateus 23:4). Mas o jugo de Cristo é algo que se leva junto com Ele, por este motivo Ele pôde disser: “sem mim nada podeis fazer”. (Jo. 15.5), o Senhor queria fazer uma obra na vida daquelas pessoas, que era...
Livrá-los:
I. Do jugo do falso ensino (Mt. 16.5-12)
II. Do jugo da hipocrisia (Mt. 23.13-36)
III. Do Jugo da religiosidade (Mt.19.16-22)

Barclay diz que: “Jesus nos convida a carregar seu jugo sobre nossos ombros. Os judeus empregavam a frase o jugo para entrar em submissão. Falavam do jugo da Lei, do jugo dos mandamentos, do jugo do Reino, do jugo de Deus. Mas pode dar-se o caso de Jesus ter dado a seu convite um significado muito mais cotidiano: Diz: "Meu jugo é fácil." Em grego a palavra fácil é chrestos, que pode significar adequado. Na Palestina, os jugos dos bois eram feitos de madeira. Levava-se o boi e se tomavam medidas. Logo se trabalhava o jugo e se voltava a levar o boi para prová-lo. Então se ajustava bem o jugo, para que se adaptasse ao pescoço do paciente animal e não o machucasse. Assim é o jugo de Cristo, ele se adapta bem a nós.

1.3 Aprendei de mim (v.29b)
ma,qete : aprender, aumentar o conhecimento próprio, crescer em conhecimento.
O que Cristo tinha para ensinar para aquelas pessoas e, também para nós?
I. Ensinou sobre as bem-aventuransas (Mt. 5.1-12)
II. Ensinou que devemos ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt. 5.13-16)
III. Ensinou a respeito do homicídio, do adultério; nos ensinou a não fazermos juramentos, nos ensinou que não devemos nos vingar e sim amar ao próximo (Mt. 5.21-48)
IV. Ensinou como devemos dar esmolas, como devemos orar e como devemos jejuar (Mt. 6.19-24)
V. Ensinou que existem dois caminhos: um que leva para morte eterna e, outro que conduz para salvação. (Mt.7.13-14)
VI. Ensinou que ele é o caminho que conduz a salvação (Jo. 14.6)
VII. Ensinou que não devemos andar ansiosos por coisa alguma (Mt. 6.25-34)
VIII. Ensinou que não devemos julgar os outros (Mt. 7.1-5)
IX. Ensinou que devemos amar os nossos inimigos e orar pelos que nos perseguem (Mt. 5.43-48)
X. Ensinou onde devemos colocar o nosso coração (Mt. 6.19-21)
Jesus tem muitas coisas há nos ensinar, basta que queiramos aprender com Ele.
A singularidade do chamado de Cristo. Por que o chamado de Cristo é singular?
Primeiramente: porque é pessoal.
2. Porque tem propósitos (v.29-30)
2.1 Ensinar a mansidão (v. 29c)

Mansidão: qualidade de um homem manso, índole pacífica, brando de gênio; sossegado, tranqüilo.
A mansidão de cristo já havia sido anunciada muito tempo antes dele vir ao mundo!
(Isaías 53:7) “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca”.
Por isso, Mateus, fazendo uso das palavras do Senhor Deus, falando de Cristo, relatadas em Isaias, nos diz: “Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz. Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios.
Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas praças a sua voz.
Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo”.
E, no seu nome, esperarão os gentios. (Mt. 12.18-21).

Jesus é o único que está apto para nos ensinar a mansidão.

2.2 Ensinar a humildade (v. 29a)
Humildade: Virtude que nos dá o sentimento de nossa fraqueza.

Jesus nos ensinou esta lição, quando disse: Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. (Jo. 15.5)

Outra lição muito importante de humildade que Cristo nos dá é quando ele lava os pés dos discípulos e pergunta:
“Compreendeis o que vos fiz?
Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou.
Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.
Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou.
Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes”. (Jo. 13.12-17).

Meus amados irmãos, Cristo quer nos ensinar a mansidão e a humildade...

2.3 Através de um jugo suave e leve (v. 30)
Frits nos diz que: algumas coisas devem ser ditas a respeito do jugo de Cristo:
A primeira coisa que pode ser dita do jugo é que ele existe para o trabalho. Disso se depreende desde já uma importante instrução para o discípulo de Jesus. O discípulo não existe para um fim em si próprio. O Senhor Jesus não lhe concedeu o descanso para que depois passe pela vida bem quieto e calmo, esperando até que o Senhor o recolha para alegrias eternas. Não, o cristão carrega um "jugo", que existe para trabalhar. O cristão é quem deve levar adiante à alegre noticia do amor de Deus com sua palavra e sua vida. Foi para isso que foi redimido. Foi retirado da grande multidão de pessoas para servir ao seu Senhor, para trabalhar para ele.

No entanto, o jugo nos ensina algo mais. Um "jugo" também "alivia" con¬sideravelmente o trabalho.
O que aconteceria aos animais se tivessem de pu¬xar uma carroça pesada sem terem um jugo? As correias lhes abririam as mais dolorosas feridas na carne. Sim, sequer teriam condições de arrastar sua carga. Exatamente o mesmo acontece com o jugo que Jesus impõe aos seus seguidores. Ele facilita o trabalho, sim, ele os capacita a realizá-Io.
Além disso, o jugo proporciona ao que o carrega um direcionamento segu¬ro para o alvo. Quantos saltos para o lado um animal não daria e em quantos desvios não entraria, se não fosse dirigido pelo jugo e por aquele que dirige o jugo para o rumo certo.

O jugo de Cristo é “útil” para quem o leva. Como nos diz Frits: o jugo não é algo supérfluo, nem algo que atrapalha, mas, algo que é muito útil. Útil para a própria pessoa que o carrega, pois lhe concede apoio, lhes concede ajuda, lhes concede um alvo e um sentido para vida. O jugo é útil também para causa do Senhor Jesus Cristo, que constrói o seu reino com essas “pessoas que levam sobre si o seu jugo (de Cristo)”.
A singularidade do chamado de Cristo. Por que o chamado de Cristo é singular?
Primeiramente: porque é pessoal.
Segundo: porque tem propósitos.

3. Porque produz resultados (29-30)
3.1 Dar descanso para os cansados (v.28b)
Queridos, Deus sempre deu descanso para o seu povo, porque desde a fundação do mundo Ele estabeleceu o descanso, pois, “..abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera”. (Gn. 2.3). também ordenou: “Seis dias farás a tua obra, mas, ao sétimo dia, descansarás; para que descanse o teu boi e o teu jumento; e para que tome alento o filho da tua serva e o forasteiro”. (Êx. 23.12), isso, sem falar no ano sabático, que era o sétimo ano (Êx. 23.11), e também o ano do Jubileu (Lv. 25.10).
Frits diz que: “ninguém precisa ter medo algum de que suas forças e capacidades serão insuficientes para conquistar esse descanso. Ele nem precisa ser conquistado, nós seres humanos não precisamos contribuir em nada para ele. Esse descanso é dádiva. É um presente daquele que com autoridade divina afirma: Eu o darei a vocês. Não é uma obra humana, mas um ato de Deus que o ser humano recebe como presente.

3.2 Dar descanso para os sobrecarregados (v.28b)
pefortísmenoi: colocar uma carga sobre, carregar 2) metáf. oprimir alguém com uma carga (de ritos e preceitos sem sentido); lembram-se de: (Mateus 23:4)."Atam cargas pesadas e difíceis de levar, e as põem sobre os ombros dos homens, entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los." E eram exatamente estes ritos e preceitos sem sentido, que sobrecarregavam as pessoas.
O dicionário Aurélio diz que “sobrecarga” é aquilo que causa desequilíbrio a carga.
Mais uma vez eu gostaria de lhes trazer uma citação de Frits, pois tratando a respeito deste assunto nos diz: Cristo o “Filho (de Deus) equipado com todos os poderes, a quem tudo foi entregue, convoca agora para o vir. (...) Duas características dos que são convocados a vir são mencionadas: eles precisam estar cansados e sobrecarregados. (...) O que expressa, estar sobre pesada carga de responsabilidade.

Barclay nos diz que: Para o judeu ortodoxo a religião era algo que consistia em cargas. Jesus disse a respeito dos escribas e fariseus: "Atam cargas pesadas e difíceis de levar, e as põem sobre os ombros dos homens" (Mateus 23:4). Para o judeu a religião era algo composto por regras e normas intermináveis que devia observar. O homem vivia em um bosque de regras e normas que ditavam cada movimento de sua vida. Devia ouvir eternamente a voz que repetia: "Não farás ..."

Barclay nos diz que quando Cristo disse “Eu vos aliviarei” ele estava querendo dizer o seguinte: (...) "A vida que lhes dou para que vivam não é uma carga para machucar vocês; sua tarefa, sua vida, é feita sob medida para adequar-se a nós." Envie-nos Deus o que nos enviar estará feito para adaptar-se com precisão a nossas necessidades e a nossa capacidade. Deus tem uma tarefa para cada um de nós, que está feita sob nossa própria medida.”

3.3 Dar descanso para alma (v.29e-30)
kardia: coração que denota o centro de toda a vida física e espiritual; que para eles representa, a alma ou a mente, como fonte e lugar dos pensamentos, paixões, desejos, apetites, afeições, propósitos, esforços.
Meus amados irmãos, este é o ponto auto do discurso de Cristo, pois ele promete descanso para o nosso coração. Eu acredito que tinha em mente (Provérbios. 23.6; 2:10): “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos; Porquanto a sabedoria entrará no teu coração, e o conhecimento será agradável à tua alma”.
O melhor descanso que podemos encontrar é o descanso das nossas almas. E a única maneira de encontrarmos esse descanso é assentados aos pés de Cristo, para ouvir suas palavras, assim como Maria, que si assentou aos pés de Cristo para ouvir as sua palavras (Lc.10.40-42).
O caminho da obediência a Cristo é o caminho do descanso. Porque seu jugo é suave e seu fardo leve. (v. 30)
Por esta razão, Jesus nos deixou uma mensagem que traz conforto para o nosso coração, que é a seguinte: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. “Porque “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente”. (Jo. 14.27; 11.25-26).

CONCLUSÃO

Eu gostaria de encerrar esta mensagem chamando atenção para alguns detalhes que foram demonstrados.
I. Há algo para fazer: Vinde a mim.
II. Há algo para tomar: Tomai sobre vós o meu jugo.
III. Há algo para deixar: O próprio fardo.
IV. Há algo para achar: Descanso para alma.
Foi isso o que fizeram as pessoas quando foram em direção a Cristo; tomaram sobre si o seu jugo; aprenderam com Ele, a mansidão e a humildade. E Cristo, lhes deu descanso para suas almas. Porque seu jugo é suave e seu fardo leve.